terça-feira, 21 de junho de 2011

Metalúrgicos contestam posição do Simecs

Sindicato patronal tem postura contraditória 





Um dia após o Sindicato as Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul (Simecs) apresentar à imprensa, avaliação do desempenho econômico-financeiro das empresas do setor nos últimos dois anos e no primeiro quadrimestre de 2011, o Sindicato dos Metalúrgicos de Caxias do Sul e Região rebate os argumentos dos empresários. Segundo o sindicato patronal, o reajuste reivindicado pelos trabalhadores não pode ser concedido, devido à perda de competitividade o que, segundo o economista do Sindicato dos Metalúrgicos, David Fialkow, não reflete a confortável situação das empresas que cresceram em 2010, 31,8% em média, sendo que algumas delas chegaram a acumular incremento de mais de 85% no faturamento.
De acordo com o economista, não há desaquecimento da economia e o desempenho da indústria caxiense cresceu inclusive no mercado nacional. O desempenho positivo pode ser observado tanto no balanço da Marcopolo quanto no da Randon e da Fras-le. “Além disso, valorização cambial e altos custos logísticos já existiam quando ocorreu o fantástico desempenho de 31,8% da indústria Caxiense e, portanto, não têm relação alguma com dificuldades supostamente ‘novas, que estariam impedindo as empresas a concederem o reajuste que merecem os trabalhadores”, acrescenta.
Fialkow questiona ainda o fato dos empresários não combaterem os juros altos, que pioram o câmbio há anos, e os cortes no orçamento que dificultam a melhora na logística há décadas. Se escondem atrás de falsos biombos de sempre (como se fossem surgidos agora) para tentar justificar o injustificável e para dizer que não podem crescer pelos mesmos motivos que os fizeram registrar um crescimento recorde em 2010.”
Outra informação noticiada pela imprensa local, que rebate o argumento dos empresários é o aumento na demanda de ônibus. Somente a Marcopolo produziu 6.852 ônibus no primeiro trimestre e registrou uma receita líquida de R$ 761,3 milhões, com crescimento de 12% em relação ao mesmo período em 2010. As exportações no ano passado, em função da Copa do Mundo, na África do Sul, renderam à Marcopolo o Prêmio Exportação RS, concedido anualmente pela ADVB/RS. A premiação foi entregue segunda-feira, dia 20, em Porto Alegre.
A abertura de licitações das linhas interestaduais e internacionais (há anos vencidas e prorrogadas diversas vezes, o que inibia novas aquisições de ônibus, porque só se pagam a longo prazo) também é indicativo de que o segmento continuará crescendo. “Ou seja, com novas concessões por décadas, abre-se todo um novo período de compras, porque as empresas têm previsão de seguir com as linhas que ganharem, portanto acaba-se a insegurança”, explica Fialkow, cintando os recentes pedidos feitos por empresas e estatais Venezuelanas, cujos contratos estão avaliados em centenas de milhões de dólares. O segmento de ônibus também ganhou uma forcinha do governo federal, com a reedição do programa Caminhos da Escola, que subsidia a compra de veículos para o transporte escolar.

Empregos em alta

Os empresários alegam que a situação é tão difícil que as empresas deixaram de contratar. Contudo, comerciais de rádio e caminhões de som anunciam, nos bairros, dezenas de vagas em aberto na Marcopolo. “Os empresários falam de crise e dificuldades , mas comprovamos na prática que a situação das empresas é bem melhor”, afirma o vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Leandro Velho, observando que o Simecs afirma que os salários de Caxias do Sul são 15,6% maiores que a média do estado, mas esquecem de dizer que o crescimento no faturamento também foi bem superior à média gaúcha, que foi de apenas 8,7%, e à média nacional que foi de 10,5%.


Indústria comemora números positivos, mas nega aumento a trabalhadores

As empresas do setor metalúrgico de Caxias do Sul tem comemorado, nos últimos meses, na imprensa local, o crescimento recorde registrado em 2010 e projetado novos incrementos. Em meados de março, o diretor corporativo do Grupo Randon, Astor Schmitt, revelou que a empresa apresentou em 2010 um crescimento de 51% na receita bruta total, em relação ao ano anterior, chegando a R$ 5,6 bilhões e um crescimento de 50,6% na receita líquida, totalizando R$ 3,7 bilhões, o que teria resultado em um lucro líquido consolidado de R$ 249,5 milhões. Para 2011, o diretor-presidente das empresas Randon, David Abramo Randon projetou um receita bruta total de R$ 5,9 bilhões, R$ 300 milhões a mais que em 2010. “Se permanecerem como estão, já será um bom resultado, mas estão inclusive projetando crescimento, então não há justificativa para não conceder reajuste de salários”, argumenta o economista do Sindicato dos Metalúrgicos de Caxias do Sul, David Fialkow.
Também em março a Guerra S.A. divulgou que 2010 foi um ano de recuperação, no qual a empresa registrou crescimento de 56,1% da receita, chegando a R$ 467,8 milhões, e um lucro líquido de R$ 17,4 milhões. Mesmo com todo este crescimento, a empresa projeta para 2011 um incremento de 6% no faturamento. A Agrale, que em junho divulgou o balanço financeiro de 2010, vive uma situação parecida. Registrou no ano passado lucro líquido de R$ 27 milhões e crescimento na receita líquida de 30%, resultado da venda de 6.850 veículos. A Master, que em junho comemorou 25 anos de atividade, também aproveitou a data para anunciar o desafio lançado aos trabalhadores de duplicar o faturamento até 2014.

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